Afeto - augusto dos anjos
“Provo que a mais alta expressão da dor consiste essencialmente na alegria.” Augusto dos Anjos. O poema em questão faz parte do único livro de poesias “Eu” publicado em vida por Augusto dos Anjos. Sua obra espelha a superação das velhas concepções poéticas e a busca por um novo caminho. Utilizou para tanto, em suas poesias, um vocabulário científico, onde a temática abordada de maneira geral orbitava numa quase obsessão pela morte, decomposição da matéria, e uma visão trágica da existência, tanto na vida como no amor.
Tendo as palavras uma amplitude e um poder significativamente tamanho dentro do arcabouço poético, não seria curioso que as emoções encontrassem lugar nos entremeios textuais. Todavia, quando tal construção conflita termos de ordens opostas como ciência e religião, amor e ódio, percebemos o quanto a distância que os separam, os unem de maneira complementar. Se a raiz da vida afetiva de um indivíduo, é composta por elementos aféticos basais como o amor e ódio, estes se fazem presentes em suas relações psíquicas, amalgamando-se em expressões, ações e pensamentos. A afetividade em si, representa enfim a condição de “carinho” ou cuidado para com aqueles que se desfrutam algum tipo de relação carregada de certa intimidade, ou por quem se detenha parcelas de carinho. O afeto, por sua vez, abrange a atitude de ofertar tais sentimentos, e não apenas os tê-los. Por conta disso, nossas expressões não poderiam ser compreendidas, se não considerássemos as cargas afetivas que as acompanham. Tais cargas, seriam as condições psicológicas que proporcionariam ao seres humanos, exteriorisar suas emoções, bem como sentimento, constituindo laços entre os seus, mesmo que ainda distantes de características instintivamente sexuais, privilegiando o aprofundamento das relações amigáveis como um todo. Sendo um reflexo, muitas vezes mais emotivo que racional, a palavra, no caso da poesia moderna, pode ter múltiplos