Este estudo trata do indivíduo e sua condição de 'ser trabalhador' sob o sistema de produção flexível. Foram objeto da pesquisa trabalhadores de chão de fábrica de empresas montadoras de veículos e indústria de autopeças, localizadas na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), no Estado do Paraná. A 'condição de ser trabalhador', foco da análise deste estudo, traz à tona os motivos das adversidades no trabalho vividas pelos trabalhadores nas condições e organização do sistema de produção flexível, neste início de século. A condição e organização do trabalho remetem ao local de trabalho, entendendo-o como o lugar onde o indivíduo-trabalhador executa suas atividades e tarefas designadas, mas também se envolve física e emocionalmente. O trabalho, porém, transcende o seu local, vai além do tempo regulamentar da jornada, interferindo fora do ambiente da empresa, influenciando e envolvendo a vida do trabalhador como um todo. Essas condições de vida e trabalho levaram à reflexão sobre as adversidades no trabalho e suas correlações com a subjetividade do trabalhador. Considerada a relação do indivíduo consigo mesmo e com o seu ambiente, impregnada e tratada por sua afetividade, emoção e sentimentos inerentes à vida, a subjetividade do trabalhador não representa apenas um pensamento ou um corpo, mas um estado da alma cotidianamente exposto a situações adversas no trabalho. A adversidade como um fenômeno presente nas situações singulares que causam contrariedade por não satisfazerem as expectativas sociais que os indivíduos carregam consigo em função do aprendizado sociocultural está presente também nos níveis de dificuldade vividos pelo trabalhador, como o ritmo intensificado, a pressão, a responsabilização no trabalho e na tentativa de superação das limitações próprias através da resiliência. Dessa forma, a adversidade no trabalho absorve a subjetividade do indivíduo-trabalhador em seu cotidiano sob o sistema de produção flexível, colocando o indivíduo frente a desafios e