Adrielle
Mas, em nossa jornada humana, também nos deparamos com outras culturas. Algo difícil, pois o outro é alguém que não partilha de nossa ordem das coisas e dos pensamentos. Ele faz cintilar a existência da diferença, nos fazendo refletir sobre nossos próprios hábitos e sobre a cultura de nossa sociedade. Tirando-nos assim de nosso espaço de familiaridade e segurança. Freud fala sobre a necessidade do outro para a constituição do self, todavia isso não torna o contato com a diferença menos difícil. “O inferno são os outros” iria nos lembrar Sartre.
Até agora falamos de cultura e da inquietação diante de uma cultura diferente, o que isso tem a ver com globalização? A resposta é simples: a globalização pode ser vista como um aumento dessa assustadora experiência de se relacionar com os diferentes. E o objetivo deste breve artigo é pensar até que ponto nosso universo empírico está caminhando para as duas grandes utopias do mundo globalizado. Estamos nos referindo: à visão do planeta como uma “aldeia global”, ou seja, apenas uma cultura e a ideia de que iríamos chegar a uma sociedade multicultural plena.
Mas antes uma brevíssima reconstrução histórica. A globalização, como podemos nos lembrar, se iniciou provavelmente no século XV com os avanços nas tecnologias de navegação e com algumas mudanças do pensamento da época, não existiria esse importante evento marítimo se os navegadores acreditassem na linha do horizonte como o fim do mundo. E a globalização é basicamente um processo permanente, no qual pessoas e coisas