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Está emergindo um novo paradigma da ciência: o pensamento sistêmico, que deverá revolucionar a visão científica tradicional, acarretando grandes mudanças em nossa forma de estar e agir no mundo, afirma Maria José Esteves de Vasconcellos, autora de um livro sobre o tema.
O que é pensamento sistêmico?
Maria José: Concebo o pensamento sistêmico como uma nova visão do mundo, uma nova forma científica de ver e pensar os acontecimentos no mundo, que terá conseqüências fundamentais para nossas práticas científicas, para nossas práticas cotidianas e para os nossos relacionamentos.
Como surgiu esse novo pensamento científico?
Maria José: Desenvolvimentos recentes na ciência estão levando os cientistas a reflexões sobre suas crenças a respeito de como o mundo é e de como podemos conhecê-lo. Está emergindo um novo paradigma de ciência, para o qual contribuem o químico russo Ilya Prigogine, o físico e ciberneticista austríaco Heinz Von Foerster, os biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela, o sociólogo e filósofo da ciência francês Edgar Morin e tantos outros.
Você delineia um quadro de referência para essa mudança de paradigma na ciência e distingue nela três dimensões. Explique.
Maria José: Distingo três mudanças de pressupostos. A ciência está nos conduzindo a reconhecer a complexidade organizada do universo e a compreender os acontecimentos - físicos, biológicos ou sociais - em relação a seus contextos, colocando o foco nas relações. Estamos passando a reconhecer um "mundo em processo de tornar-se", a ver o dinamismo dos acontecimentos físicos, biológicos ou sociais que não podemos prever nem controlar, e a lidar com os recursos de auto-organização dos sistemas.
Experimentos científicos em biologia estão evidenciando que não existe realidade independente de um observador, que não existe verdade objetiva sobre os fatos e então estamos colocando a "objetividade entre parênteses". Reconhecendo