Acolhimento familiar
Resumo
O acolhimento e cuidado das crianças e adolescentes que vivenciavam situações de abandono ou orfandade tornaram-seuma questão pública, preocupante para a sociedade civil brasileira a partir do século XIX, por ocasião do incremento dos mecanismos de acolhimento já existentes, como os asilos, ou orfanatos para menores em situação de vulnerabilidade social e da chamada “roda dos expostos”, instituições implantadas nas Santas Casas de Misericórdias que acolhiam crianças abandonadas no período de aleitamento materno, sob os cuidados das chamadas amas de leite mercenárias que recebiam remuneração pela criação dessas crianças. Depois desse processo, as crianças sobreviventes eram devolvidas aos três anos, às instituições em regime de claustro, que as dividiam por sexo, etnia, etc., que tinham pouco convívio com a comunidade. As amas de leite das casas de famílias mais abastadas se encarregavam também dos filhos de criação (adotados), acolhidas por essas famílias, e consequentemente desenvolviam um vínculo socioafetivo com as crianças acolhidas por essasfamílias. Esses arranjos familiares que se tornaram prática cultural no Brasil da época configuravam uma iniciativa voluntária de inserção de crianças em um ambiente familiar diferente do seu, iniciativa da própria família biológica da criança que delegava reponsabilidade parental a essas outras famílias, de forma provisória, sem regulamentação e critérios no país. Eram medidas emergenciais. Nesse contexto, acriança é acolhida por outra família no sentido de suprir as necessidades da família biológica de origem, que na maioria das vezes não podem, não querem, não podem ou não conseguem se encarregar de cuidados como educação, por exemplo, em virtude de diferentes problemas de ordem econômica, social, ou de saúde. O acolhimento efetivado por famílias extensas funciona como uma alternativa de parceria entre essas