Acidentes e Doenças Ocupacionais na indústria de calçados.
Salvador, Maio de 2011
Introdução
Uma das principais características do novo padrão capitalista tem sido a intensificação da exploração da força de trabalho, seja por meio da adoção de novas tecnologias, ou ainda pela utilização de novas formas de organização da produção e do trabalho ou de mudanças nas próprias relações de trabalho que implicam contratos precários, na subcontratação, no trabalho a domicílio, no aumento desmedido da jornada de trabalho e, até mesmo, na exploração criminosa do trabalho infantil. Essa realidade pode ser claramente verificada nas indústrias de calçados já que visando atingir os padrões de qualidade, produtividade e lucratividade impostos por esse novo cenário mundial, essas indústrias incorporaram mudanças vivenciando um processo excludente e desigual, que gera grandes consequências para os trabalhadores.
O parque calçadista brasileiro, atualmente, contempla mais de 7,2 mil indústrias, que produzem aproximadamente 665 milhões de pares/ano, sendo que 189 milhões são destinados à exportação. O setor é um dos que mais gera emprego no país. No estado do Rio Grande do Sul, é o setor industrial que mais emprega mão-de-obra. No Brasil, em 2003, cerca de 280 mil trabalhadores atuavam diretamente na indústria calçadista
No entanto, o setor calçadista, apesar de não ser o recordista de acidentes no país, é o 53º na ocorrência de acidentes na produção de calçados de couro, o 232º, na produção de calçados de outros materiais, o 233º na produção de tênis e 282º na produção de calçados de plástico.
Na Bahia, o setor calçadista é um dos mais importantes da economia baiana. Além de gerar emprego e renda, esse setor possui uma forte presença no interior, contribuindo para a desconcentração da economia estadual. O segmento, no entanto, também entra para as estatísticas do Estado: com 1.061 vítimas registradas em 2008, o setor de fabricação de calçados de couro é