Acidente Nuclear em Goiânia
Em Goiânia, em setembro de 1987,dois catadores de papéis encontraram uma cápsula contendo césio-137, que fora usada no tratamento de câncer e depois abandonada num hospital desativado, e a venderam a um ferro-velho. Na cápsula, o césio-137 estava envolto por 100 kg de chumbo, que servia como blindagem protetora das radiações. Os funcionários do ferro-velho destruíram a capsula a marretadas, para vender o chumbo, e começaram a com o césio-137, encantados com o brilho característico que esse radioisótopo emite no escuro (inclusive, porções do pó foram dadas de presente a outras pessoas).
Centenas de pessoas foram contaminadas (uma criança chegou a ingerir o material radioativo, ao comer um sanduíche com as mãos sujas do pó) e as pacientes mais gravemente atingidas foram submetidos a tratamentos especiais (alguns sofreram exposição de 600 rad, o equivalente a 4000 radiografias do pulmão), mas apesar do tratamento, quatro pessoas morreram no primeiro mês após o acidente. CNEN levou vários meses para conseguir descontaminar a região do acidente. Convém observar aqui que o problema foi agravado porque o césio-137, além de suas características nucleares perigosas (emite partícula βˉ com energia de 0,5 MeV e tem vida-média de 30 anos), estava na forma de cloreto, que é um sal solúvel em água, muito semelhante ao sal comum e que, portanto, é absorvido pelo organismo com extrema facilidade. Somente no final de 1987, cerca de 15t de lixo radioativo foram retiradas do local e transferidas para um depósito na cidade de abadia de Goiás, a 20km do centro de Goiânia.
Fonte bibliográfica:
- FELTRE, Ricardo; Química