Acadêmicos
Para o estudioso americano, o país é uma economia importante. Precisa agora definir seu papel político
Peter Moon
Até 1939, o mundo tinha várias grandes potências. Do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, até o colapso da União Soviética, em 1991, o planeta ficou dividido em dois pólos, um capitalista e outro comunista. Seguiu-se um breve monopólio de poder da superpotência americana. Mas ele acabou, diz o cientista político Richard Haass, de 57 anos, em artigo na revista Foreign Affairs. Para Haass, vivemos hoje num mundo não-polar, onde nenhum país ou grupo de nações detém o poder e dá as cartas no tabuleiro mundial. Entidades como a Fundação Bill Gates, a rede de TV Al Jazira e os terroristas da Al Qaeda também fazem parte do jogo. Embora o Brasil seja uma potência na América Latina, para ser um ator global, diz Haass, precisa escolher qual papel quer desempenhar no mundo.
ENTREVISTA - RICHARD HAASS
QUEM É
Cientista político e embaixador, Haass, de 57 anos, é presidente do Council on Foreign Relations, que edita a revista Foreign Affairs
O QUE FEZ De 2001 a 2003, foi assessor do secretário de Estado americano, Colin Powell. Coordenou o processo de paz na Irlanda do Norte
O QUE PUBLICOU Seu mais recente livro é The Opportunity – America’s Moment to Alter History’s Course (A Oportunidade – O Momento da América de Alterar o Curso da História, 2005)
ÉPOCA – Por que o senhor diz que vivemos num mundo não-polar?
Richard Haass – Há uma grande diferença entre um mundo multipolar e um não-polar. O multipolar é dominado por uns poucos países, três, cinco ou sete. Vivemos num mundo onde o poder, em suas diversas formas, está muito mais distribuído. Não temos apenas cinco ou seis potências, temos dúzias. Isso sem falar nos inúmeros atores ou entidades que não são Estados nacionais. Por exemplo, a Fundação Bill e Melinda Gates (a maior fundação de