Academicos
Silvio Santos, um homem que seis décadas depois, aquele por quem ninguém daria um tostão estava no alto do carro alegórico da Tradição, no domingo de Carnaval, abrindo o desfile em sua homenagem. Quando o abre-alas entrou na concentração, Silvio Santos (nome artístico do Senor Abravanel) ficou petrificado com a cena que viu: o Sambódromo, em peso, gritava o seu nome. Por alguns instantes, toda a sua trajetória de sucesso passou por sua memória. Silvio levou alguns segundos para se recompor e voltar a acenar para a multidão. Nas arquibancadas, muitos usavam uma máscara com o seu rosto, mas nem de longe sabiam como o menino travesso havia virado o homem que mais paga impostos no Brasil. O moleque era um zero à esquerda na escola, faltava à maioria das aulas e encarnava um pestinha com os colegas. Silvio, desse jeito você não vai ser ninguém na vida. Só pensa em futebol. Por ironia do destino, essa era a frase que Senor Abravanel, aos 12 anos, ouvia diariamente de sua professora de 5ª série, Maria Lourdes Bruce, da Escola Primária Celestino da Silva, na Rua do Lavradio, Centro do Rio. A ladainha era sempre a mesma, já que Silvio gostava mais de falar do que de estudar. Era comum ver o menino contar histórias para os alunos sobre a atuação dos times de futebol. Silvio é torcedor do Fluminense. As travessuras de Cenourinha, apelido dado por colegas de Silvio, pelo diminutivo de Senor, não se limitavam à sala de aula. Sua mãe, Rebecca Abravanel, vivia atrás do menino, com chinelo na mão, pelas ruelas da Vila Rui Castro, na Travessa Bentevi, no Centro, onde ele nasceu. Silvio brincava horas com os amigos, na rua, e não dava sossego à Dona Rebecca. Ele era um capetinha. Não havia quem o controlasse, apesar da rigidez da mãe, lembra Lydia Marques da Silva, 68 anos, colega de turma de Silvio e vizinha na Vila Rui Castro. O temperamento intempestivo de