Abra O Representa A Eleva O M Xima Das Esferas Anteriores Religiosa
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Abraão representa a elevação máxima das esferas anteriores à religiosa. Estágio esse, proposto pelo cristianismo a todo indivíduo de modo ímpar, percorrido como uma verdade eterna existencial. De tal forma, vivenciou essa verdade o Patriarca (Abraão), que ele alcançou a posse de uma consciência eterna, ou talvez, de uma consciência da eternidade e, assim, distanciou-se dos estetas e dos éticos. Assim sendo, ele acreditava que o existir não era um turbilhão de paixões incandescentes, efêmeras como as chuvas de verão, mas que a vida corresponde à uma eternidade paradoxal que compete a cada ser humano encontrá-la no entendimento da fé. Por meio dessa eternidade, ele, o Cavaleiro da fé, afirma a existência de um vínculo sagrado cingidor da humanidade, isto é, Deus. O Cavaleiro da fé foi o maior de todos os homens, pois cada um é grande segundo o seu objeto, mas Abraão tornou-se grande porque lutou contra Deus, na sua fraqueza alcançou o impossível, desarmou a Deus, tornou-se no paradoxo da fé, o pai da fé, porque acreditou num Absurdo para ganhar sua afirmação enquanto sujeito concreto diante de uma sociedade marcada pelas tragédias e pela obediência “cega” à moralidade, por isso “Abraão foi o maior de todos: grande pela energia cuja força é fraqueza, grande pelo saber cujo segredo é loucura, pela esperança cuja forma é demência, pelo amor que é ódio a sim próprio”[1](KIERKEGAARD, 1979b, p. 118). Se não falarmos desse estágio pela perspectiva da fé, ficamos impossibilitados de falar qualquer coisa sobre Abraão e, mais impedidos ainda de falar sobre Deus como Paradoxo. Pela fé abandona-se a razão sistemática, o entendimento humano, deixando ainda mais a paixão paradoxal da inteligência atônita. Se pela razão estática e ética, Abraão pensasse no ato final de sua caminhada, no sacrifício de Isaac, nunca teria saído de casa, a não ser que fosse um esquizofrênico; não seria ele o eleito de Deus, mas teria sido tentado pelo próprio demônio.