Aborto
Aspectos sócio-culturais dos transtornos alimentares
Os transtornos alimentares são freqüentemente considerados quadros clínicos ligados à modernidade, mas uma breve revisão histórica evidencia a existência dessas patologias ao longo do tempo e retoma a velha discussão psicopatológica do essencial e do acessório, do patogenético e do patoplástico, enfim das relações entre a doença e a cultura.
A etiologia desses transtornos é multifatorial, ou seja, eles são determinados por uma diversidade de fatores que interagem entre si de modo complexo, para produzir e, muitas vezes, perpetuar a doença. Classicamente, distinguem-se os fatores predisponentes, precipitantes e os mantenedores dos transtornos.
Os fatores predisponentes são aqueles que aumentam a chance de aparecimento do transtorno alimentar, mas não o tornam inevitável. Entre eles, estão as questões individuais e familiares e características sócio-culturais. Os fatores que precipitam a doença marcam o aparecimento dos sintomas dos transtornos alimentares, incluindo a dieta alimentar e eventos estressores na vida.
Finalmente, os fatores mantenedores determinam se o transtorno vai ser perpetuado ou não, abrangendo também questões fisiológicas, psicológicas e culturais.
Neste artigo, faremos algumas considerações a respeito dos aspectos sócio-culturais que contribuem para o surgimento de distúrbios com relação à alimentação, desde os mais brandos até os mais graves, como anorexia nervosa, bulimia e obesidade. Ditadura da magreza e outros fatores
Os aspectos socioculturais dos transtornos alimentares têm sido amplamente estudados. O interesse pelo tema decorre de observações, encontradas já nas primeiras descrições contemporâneas destes transtornos, de que a extrema valorização da magreza nas sociedades ocidentais desenvolvidas estaria fortemente associada à ocorrência de anorexia nervosa e bulimia nervosa.
Estudos epidemiológicos demonstram um aumento na incidência