Aborto
No dia 7 de fevereiro de 2007, há 8 anos portanto, falecia de forma absurdamente cruel o menino João Hélio, de 6 anos de idade, nas violentas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Alguém se lembra? Talvez poucos, bem poucos mesmo.
Um menino arrastado e despedaçado ao ser levado pendurado em um carro com criminosos em fuga não bastou para interromper o carnaval carioca, que aconteceria duas semanas depois. Em uma postagem de 2011, quando dos 4 anos da morte de João Hélio, assim escrevi:
"Nossa sociedade, principalmente a sociedade carioca com seus dândis politicamente corretos metidos a cosmopolitas e antenados com o progressismo mais retrógrado, há 4 anos achou por bem homenagear o menino recém falecido com uma faixa durante desfile de uma escola de samba; outra escola chegou ao máximo da benevolência ao fazer sua comissão de frente mostrar seu nome em uma coreografia.
Lindo, não? A um menino despedaçado por frios criminosos, nada como homenagear seu nome em meio a uma festa com muita gente nua, regada a muito chope, com todo mundo afetando alegria e deixando de lado qualquer limite moral. (...)"
Pelo jeito o menino João Hélio virou estatística, pois nada da indignação causada por aquela morte crudelíssima parece ter restado.
Onde, aliás, ficou a indignação da sociedade brasileira quando no dia 3 de janeiro do ano passado a menina Ana Clara, também de 6 anos, teve 95% de seu corpo queimado em ato de terror contra o ônibus no qual ela viajava com sua mãe. Este ato foi cometido por menores de idade a mando de encarcerados do sistema prisional do Maranhão. A menina veio a falecer 3 dias após o ataque.
Houve alguma indignação profunda em nossa sociedade? Algo foi feito para que casos assim possam ser minimizados ou não voltem mais a ocorrer? Nada.
E nossa sociedade vai, ano após ano, perdendo sua sensibilidade... Na madrugada deste Domingo, na cidade de Jaguarão, no RS, uma adolescente de 16 anos morreu atropelada por um caminhão de Trio Elétrico. Não entro