Abordagem familiar na esquizofrenia
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, LIM-23
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Neste artigo são discutidas algumas estratégias de intervenção psicossocial para famílias de indivíduos com esquizofrenia. Tais intervenções têm dois objetivos principais: reduzir ou prevenir os sintomas da esquizofrenia e melhorar a qualidade de vida de toda a família. Procura-se colaborar para que o paciente tenha o mínimo possível de incapacidades associadas à esquizofrenia e para que seus familiares possam compreender e lidar melhor com os problemas relacionados à doença do parente, bem como com as emoções resultantes desse contato.
As intervenções psicossociais com familiares de indivíduos com esquizofrenia se desenvolveram a partir de estudos que mostraram que a presença de um membro com esquizofrenia na família está relacionada à sobrecarga em diversos aspectos da vida da família e seus membros, como os relacionamentos, lazer, saúde física e mental. Também foram importantes estudos que mostraram que o clima afetivo familiar crítico, hostil e de alto envolvimento emocional pode afetar negativamente o curso da doença.1,2 Mais recentemente, observou-se que quanto maior o sentimento de sobrecarga relatado pelos familiares, maiores as chances dos mesmos serem críticos, hostis e muito envolvidos emocionalmente com o membro doente.3
As intervenções psicossociais se baseiam em alguns pressupostos sobre a etiologia da esquizofrenia e sobre o papel dos familiares em relação ao início e desenvolvimento da doença.4 Assim, a esquizofrenia é vista como uma doença que pode se manifestar em indivíduos biologicamente vulneráveis, nos quais um ambiente afetivo familiar pode colaborar para o início da doença ou para recaídas. No entanto, a família não é responsável ou culpada pela ocorrência da doença. Procura-se, ao contrário, reconhecer as dificuldades que a família passa a ter com a presença de um membro com grave incapacitação mental.