Abordagem curricular por competências no currículo escolar em Cabo Verde
EQUÍVOCOS PARA UMA MUDANÇA SIGNIFICATIVA NAS POLÍTICAS E PRÁXIS EDUCACIONAIS
Bartolomeu Varela
Professor Auxiliar da Universidade de Cabo Verde
Dezembro de 2012 bartolomeu.varela@adm.unicv.edu.cv RESUMO
A abordagem curricular por competências, enquanto fenómeno recente no discurso educativo em Cabo Verde, corre o risco de não passar de mero modismo, sem se traduzir numa inovação efectiva ao nível das práxis educacionais, se não for correctamente compreendida pelos diversos actores envolvidos na obra educativa e, em particular, nos processos de deliberação, gestão e realização dos currículos escolares. O presente artigo procura esclarecer alguns equívocos que em Cabo Verde, como em outras latitudes, acompanham a defesa da pedagogia por competências. Assim, importa elucidar que a abordagem curricular por competências vem aprofundar, entre outras, as abordagens por conteúdos e por objectivos e não, pura e simplesmente, substituí-las, por serem, alegadamente, tradicionais. Outrossim, no contexto da educação escolar, as competências não devem ser encaradas numa perspectiva redutora, focalizada na transferibilidade de conhecimentos para o mercado de trabalho, mas, fundamentalmente, no sentido da mobilização do conhecimento escolar para a resolução dos problemas nos diversos contextos ou situações da vida, que não se esgota no mercado.
Palavras-chave: competências, conhecimentos, objectivos, conteúdos.
Introdução
Como acontece na generalidade dos casos em que as mudanças ao nível das políticas educativas e curriculares são decididas numa perspectiva “top down”, sem o adequado envolvimento dos principais actores do processo educacional, como os professores e outros profissionais da educação, as famílias e os parceiros das escolas, que ficam, assim,
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sem compreender o sentido e o alcance das inovações e, por conseguinte, o papel que lhes concerne nesse