O projecto educativo de escola no contexto da globalização
Bartolomeu Varela
Docente e Investigador Educacional Universidade de Cabo Verde Praia, Dezembro de 2011
RESUMO
No processo de globalização hegemónica da educação, com repercussões ao nível das políticas educativas nacionais, são evidentes as pressões no sentido da uniformização dos currículos escolares. Todavia, o currículo não envolve apenas a dimensão instituída ou prescritiva, havendo, pelo contrário, ao nível das escolas, um espaço de apropriação, recriação e inovação no âmbito da realização do currículo (dimensão instituinte). Desta sorte, o processo de globalização não exclui, antes exige, que a escola, no quadro da autonomia que lhe conferem os normativos, assuma os desafios da promoção da qualidade, tendo em conta a sua especificidade institucional e contextual, através de projectos educativos e curriculares, concebidos e realizados mediante um amplo envolvimento dos agentes educativos e da comunidade.
Palavras-chave: educação, globalização, currículo, autonomia, inovação, projecto educativo
1. A problemática da função ou dos fins da educação escolar
No plano teórico e, designadamente, no âmbito da filosofia da educação, continuam os debates entre os defensores das doutrinas empiristas ou culturalistas, segundo os quais é necessário que “se eduque a criança para a sociedade, em função dos valores próprios desta”, e os partidários da natureza, que se filiam na exigência de que “se eduque a criança por si mesma, para lhe permitir desenvolver-se segundo a sua própria natureza” (Reboul, 2000, p. 22). Entretanto, as duas teses podem convergir, posto que a educação não deverá focalizar-se, unicamente, no desenvolvimento da natureza do indivíduo mas também na preparação do mesmo para, enquanto ser social, poder realizar-se plenamente no seio da
Este texto é parte de uma comunicação apresentada no Seminário de formação de gestores e coordenadores da delegação do Ministério da