Abelhas Africanas
As abelhas africanas Apis mellifera scutellata foram introduzidas no Brasil em 1956. Cerca de um ano depois, 26 enxames com suas respectivas rainhas, escaparam e cruzaram com as demais subespécies de abelhas melíferas européias aqui introduzidas no século XIX: a italiana Apis mellifera ligustica, a alemã Apis mellifera mellifera e a austríaca Apis mellifera carnica. Com isso surgiram populações polí-hibridas denominadas africanizadas, com predominância de características das abelhas africanas, tais como a grande capacidade de enxamear e a rusticidade (Kerr, 1967). A alta capacidade de defesa, de adaptação a ambientes inóspitos e a capacidade de reprodução com ciclo de vida mais curto que as demais subespécies aqui existentes, são características das africanizadas que muito se assemelham às das abelhas africanas nativas. Tais características permitem a ambas uma rápida ampliação da biomassa e significativo aumento populacional (Gonçalves, 1994). A conjunção de todos esses fatores contribuiu para que as abelhas africanizadas atualmente ocupem quase todo continente americano, do paralelo 33 ao sul da Argentina até o sudeste de Nevada, Estados Unidos, percorrendo cerca de 110 Km/ano (Gonçalves, 2001; Krebs, 2001). Se por um lado, antes da introdução das africanas, a produção brasileira de mel oscilava entre 3 a 5 mil toneladas/ ano, algumas décadas depois o país passou a produzir em torno de 40 mil toneladas/ano (Gonçalves, 1994). Por outro, ainda se discute os prováveis impactos na competição com as espécies de abelhas nativas, sobre as relações entre polinizadores e plantas nos ambientes naturais e sobre o sucesso reprodutivo das plantas nativas (Silveira et al., 2002). As abelhas africanas nativas possuem ampla distribuição geográfica, ocupando todo o território da África compreendido entre o Sahara e o Kalahari (Kerr, 1992). Nas Américas, as abelhas africanizadas estão restritas as regiões de baixas altitudes e lugares de invernos amenos (Kerr,