Abcd
Como sou menos do que um aprendiz em física e biologia, não me aventuro muito nessa seara. Só o que posso dizer é que Gleiser, como bom professor --atualmente, ele dá aulas no Dartmouth College, em New Hampshire (EUA)--, é quase claro em suas explicações. Ao ler seus esclarecimentos sobre bárions, léptons e supercordas, ficamos com a sensação, certamente enganosa, de ter compreendido tudo.
Deixemos, entretanto, os quarks e bósons para os físicos. O que me interessa discutir aqui é a filosofia da ciência por trás do livro. A tese central de Gleiser é que, desde os primeiros filósofos gregos, sempre foi a busca por princípios de unificação e simetria que inspirou os cientistas. Desvendar o mundo equivalia a descobrir a ordem matemática por trás das coisas. "A matemática é o alfabeto no qual Deus escreveu o universo", disse certa vez Galileu Galilei. E o astrônomo de Pisa não foi o primeiro nem o último a tentar ler o divino na ordem natural. A tradição, com efeito, remonta aos gregos --especialmente os pitagóricos e a Platão--, mas prosperou, ecoando até mesmo em Einstein, para quem "o Senhor não joga dados".
(Diga-se, "en passant", que, embora muitos gostem de citar Einstein como exemplo de cientista religioso, este não é o caso. É certo que ele adorava metáforas envolvendo a imagem de Deus, mas, na verdade, era um judeu ateu de boa cepa. Numa carta