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Roberto Guena de Oliveira†
15 de abril de 2014
Introdução
Muitas aplicações da teoria do consumidor requerem que se avalie quantitativamente o impacto de mudanças no sistema de preços e renda sobre o bem estar dos consumidores. Por exemplo, caso um novo investimento em infra-estrutura de transporte torne o preço de um bem de primeira necessidade mais barato, poderíamos nos perguntar qual o tamanho do impacto dessa redução de custo sobre o bem estar de um grupo de consumidores.
A teoria do consumidor, como sabemos, não pressupõe uma medida única de bem estar individual. De fato, ela apenas pressupõe que os consumidores sejam capazes de classificar possíveis cestas de consumo em mais ou menos preferidas, de um modo consistente. Mais especificamente, supomos que os consumidores sejam capazes de comparar cestas de bens alternativas de acordo com um estrutura de preferências completa e transitiva.
Vimos também que essas preferências podem ser representadas por uma função de utilidade, isto é, uma função u(x1 , x2 , . . . , xn ), na qual x1 , x2 , . . . , xn são as quantidades consumidas dos n bens, tal que, para duas cestas de bens quaisquer
(x1 , x2 , . . . , xn ) e (y1 , y2 , . . . , yn ) sempre que tivermos (x1 , x2 , . . . , xn ) (y1 , y2 , . . . , yn ) também teremos u(x1 , x2 , . . . , xn ) ≥ u(y1 , y2 , . . . , yn ) e vice-versa. Porém, para cada estrutura de preferências não existe uma única função de utilidade, mas uma infinidade delas, pois se u(x1 , x2 , . . . , xn ) é uma função de utilidade que representa as preferências de um consumidor e f (x ) é uma função monotonicamente crescente na imagem de u, então v (x1 , x2 , . . . , xn ) = f (u(x1 , x2 , . . . , xn )) também será uma função de utilidade adequada para representar as mesmas preferências.
Isso significa que, caso queiramos avaliar a variação de bem-estar de um consumidor associada, digamos, à redução no preço de um bem, através da variação na função de utilidade desse