6 CONCLUSÕES As cidades, especialmente as metrópoles, representam os dilemas políticos, econômicos e sociais da sociedade brasileira, por concentrar num mesmo território problemas múltiplos, deflagrados por diversos fatores, entre os quais: a expulsão do homem do campo; o acirramento das desigualdades sociais entre ricos e pobres, combinado com as múltiplas mudanças no sistema produtivo, tanto no campo quanto no meio urbano; o desemprego estrutural; o impacto da globalização; a especulação financeira; e a retração intervencionista do Estado na área social, sem falar na promoção massiva a favor do consumismo e do poder econômico que coloca em segundo plano a vida humana. Em consequência disso, há a proliferação de favelas ou núcleos irregulares, de modo que a forma de moradia que deveria ser exceção virou regra. As contradições inerentes a este modo de ocupação e consolidação do espaço podem ser vistos pelas desigualdades que o caracteriza, marcando negativamente a paisagem urbana. Basta observar as estatísticas oficiais do país, as quais são questionadas pelos especialistas e movimentos sociais, apresentando 6.329 aglomerados subnormais (vilas ou favelas), com 11.425.644 milhões de habitantes, representando 6% do total da população brasileira. O deficit quantitativo no Brasil é estimado em 6.242.645, e na região Sul é de 703.167, representando 11,5% do total do deficit do país. A região Sul, como as demais regiões do país, concentra o deficit habitacional na faixa de renda entre zero a três salários mínimos, que equivale a 83% do total. Esses números representam o universo de famílias que moram indignamente. Vale lembrar que a escassez da moradia também compreende uma das expressões da questão social e este fenômeno cresce à medida que o trabalho, o solo (terra) e a moradia se tornaram mercadorias no sistema capitalista. Desse modo, a cidade permanece segregada entre dois mundos completamente opostos, isto é, o grupo com propriedade e o grupo sem propriedade. Em