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PORTUGUÊS E O FOLCLORE
Madalena Braz Teixeira
VII
VII O TRAJE REGIONAL PORTUGUÊS E O FOLCLORE
A
s três primeiras e fundamentais necessidades do homem são o alimento, o traje e a casa. O acto de comer e o acto de se cobrir são insubstituíveis por qualquer outro tipo de produto. Todavia a casa pode ser suprida por um abrigo natural ou artificial. Durante milénios, as grutas e, posteriormente, a tenda constituíram para o homem primitivo e nómada uma forma de refúgio e de sobrevivência frente às condições atmosféricas e ao ataque dos animais. Nesta medida, pode afirmar-se que o traje constitui, na verdade, a segunda necessidade do homem, tendo sofrido ao longo dos tempos e, no nosso território, uma evolução muito lenta e progressiva.
Muito embora tenha sido nos climas tropicais que os adornos ganharam uma expressão de vestimenta, desconhecendo-se nessas áreas geográficas e, em tempos pré-históricos, o traje, os Neanderthais europeus e peninsulares desenvolveram adereços vários e contas, imitando os Sapiens Sapiens que executavam colares e amuletos mágicos, que penduravam ao pescoço.
Podemos recuar a uma época remota e referir que a cultura e a arte portuguesas têm o seu início em Foz Côa, 20 000 anos atrás. O alargado espaço de tempo que ocorreu nestes últimos vinte milénios, e todas as muitas e variadas mutações a que estiveram sujeitos, conferiu aos povos peninsulares uma sedimentação de diversificadas e muito relevantes experiências. Não pode deixar de se registar também que o território foi habitado por hordas de invasores, provindos da África hominídea, mas também do Centro, do Leste e do Norte da Europa, que por aqui passaram e/ou se instalaram. Grupos humanos, vindos por terra e por mar, provenientes das primeiras civilizações do Médio Oriente, da Europa do Sul e do Norte de África, deixaram rastos de que a romanidade e a cultura islâmica constituem os mais fortes traços de carácter, de modos de vida, de costumes