4. A saúde como produto de mercado
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Os constante avanços na tecnologia de saúde representaram de maneira geral um incremento considerável na expectativa de vida. Porém, a transformação da saúde e bem estar em um produto de consumo fez surgir uma indústria que movimenta bilhões e que investe pesado para incrementar suas vendas e lucros. Para isso, estratégias de marketing e propaganda envolvendo canais de mídia, bem como médicos são o eixo para manutenção e expansão do mercado. Nos Estados Unidos, as cifras gastas com promoção de produtos foram cerca de US$ 57,5 bilhões ou 24,4% de seu faturamento em 2004 (Gagnon, 2008). Steiman em 2011, avaliou que 61% de um total de 105 médicos entrevistados acreditavam que não eram sugestionáveis em suas prescrições apesar das visitas de representantes e apenas 16% acreditavam que seus pares também não eram influenciáveis. Indo além, há um incremento no número de patologias e por, conseguinte, indicações para uso de fármacos. Recentemente, a atualização do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) – DSM V exibe mais de 300 patologias. Nesse panorama, há um aumento de diagnósticos o que por sua vez incrementa o consumo de medicações. Ainda se utilizando do exemplo da psiquiatria, meta análises questionam a real eficácia do uso de antidepressivos em casos de depressão consideradas leves a moderadas quando concluem que o efeito nesse grupo específico de pacientes é comparável ao placebo (Fournier, 2010). Concluindo, como reflexo da sociedade em que está inserida, a Medicina ainda tem um longo caminho a trilhar na busca de compatibilizar interesses diversos no que se relaciona ao cuidar.