2 Fundamenta o Te rica
O bem-dizer, para Lacan, é a chave ética da psicanálise, a ética do dito e do dizer. Antes de um acordo ideal entre o dito e o dizer, trata-se de encontrar e praticar uma maneira de dizer que leve em conta a diferença entre o dito e o dizer, e que também leve em conta a possibilidade de modificar-se a posição subjetiva com respeito ao dito, uma maneira que não confunda uma com o outro. (MILLER, xxxx, p.249).
O referido texto destaca ainda, a importância da separação do enunciado, que se trata do dizer do sujeito e da enunciação que se trata daquilo que está nas entrelinhas, do questionamento do desejo do sujeito e da importância da associação livre na direção de uma possível retificação subjetiva, pois é somente através daquilo que é dito, em formas diversas como os chistes, os sonhos e os atos falhos que se pode aproximar do real. Devendo sempre notar que o essencial para a análise é o sujeito em sua descontinuidade, em sua falta, no enigma que se apresenta.
O tratamento é sempre direcionado à tentativa de uma retificação subjetiva, que se trata de uma mudança na posição subjetiva na qual o sujeito entra em contato com aquilo com a culpa que lhe paralisa e passa a responsabilizar-se.
Lacan chamou de retificação subjetiva à passagem do fato de queixar-se dos outros para queixar-se de si mesmo. Há sempre razões para nos queixarmos dos outros. É um ponto efetivamente muito refinado a entrada daquele que diz ‘não é minha culpa’. Inversamente, o ato analítico consiste em implicar o sujeito em seu queixume, em seu próprio motivo de queixar-se. É um erro pensar