1997
Os capitalistas seguiam os acontecimentos com apreensão; o temor era que esse talvez fosse o primeiro dia do fim de seu mundo, o mundo da exploração do trabalho. Já os trabalhadores e intelectuais, na sua maioria, viam na revolução incipiente, o princípio do futuro da humanidade. Finalmente haveria um mundo sem miséria, sem competição, sem luta de classes e com ampla liberdade para todos. Não foi isso, porém, o que aconteceu. O que se viu foram governos autoritários, sem a participação do povo, censura, coletivização forçada e privilégios da burocracia que governava o país. O que aconteceu com o tão sonhado socialismo? O que deu de errado?
Quando Marx termina o seu manifesto com o chamamento "Trabalhadores de todos os países, uni-vos!", ele não estava simplesmente criando uma frase de efeito. Para ele, o socialismo, ao contrário de outros sistemas sociais, não podia ficar restrito a um país ou região. Um dos "méritos" do capitalismo foi, justamente, estender a sua ação ao mundo todo. Pela primeira vez na história um sistema social, como o capitalismo, reproduziu-se em todas as partes da terra estabelecendo uma divisão de trabalho entre todos os países e, com isso, preparou a base para a sua própria substituição por um modo de produção mundial. É claro que Marx não pensou que a revolução fosse acontecer no mundo todo ao mesmo tempo. Imaginava que a revolução aconteceria primeiro em um país avançado e que os outros lhe seguiriam, como no efeito dominó. Sua previsão, como a história demonstrou, estava completamente equivocada. O mais importante, no entanto, é que, para ele, socialismo era um conceito mundial: ou o mundo é socialista ou não há socialismo algum. Mas, por que isso é assim?
Quando um país, especialmente atrasado tecnologicamente como a Rússia, faz uma revolução socialista, sofre imediatamente de um boicote econômico por parte do