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MARCAS DA IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA EM VIDAS SECAS E
COMO ERA GOSTOSO MEU FRANCÊS DE NELSON PEREIRA DOS SANTOS
Glaucia Regina Fernandesde Oliveira1
Resumo: Este artigo propõe um estudo comparativo entre os filmes Como era gostoso o meu francês
(1971) e Vidas secas (1963), ambos do cineasta Nelson Pereira dos Santos. A análise apresentada está baseada no Manifesto Antropofágo (1928) do modernista Oswald de Andrade, e no Manifesto – Estética da Fome (1965) de Glauber Rocha. Nossa hipótese de pesquisa é evidenciar as marcas da identidade nacional brasileira através da trajetória dos protagonistas dos filmes. Neste sentido, faremos um estudo sobre antropofagia no primeiro filme e, a fome e seca no segundo, mostrando de que forma tais fatores contribuiram fortemente para questões de ordem coletiva, exaltando os valores nacionais, desconstruindo a subalternidade indígena imposta pela colonização, e o processo de luta contra as mazelas sociais e seca no nordeste brasileiro.
Palavras-chave: cinema brasileiro, literatura e cinema, identidade nacional.
Introdução
O presente trabalho visa realizar um estudo comparativo dos filmes Vidas secas de 1963 e Como era gostoso meu francês de 1971, ambos do cineasta Nelson
Pereira dos Santos. Este, um cineasta na veia do cinema novo, é considerado um homem de olhar atento, que observa e acompanha o processo de mudança social do Brasil
(estamos nos referindo as décadas de 50 (pós II Guerra Mundial) e 60 (época em que o país está cercado por promessas de transformações políticas). Neste primeiro momento, década de 50, o campo artístico vive novidades, especificamente o cinema encontra-se numa fase em que “supera uma ordem visual cultivada em estufas e afirma um novo ollhar que se compõe enquanto interage com o mundo, aceitando o acidente, a surpresa, as “contaminações” de um processo social a que procura dar expressão.” (FABRIS,
1994). Notamos que a própria realidade do país pode ser considerada uma fonte de