1 A Menina Selvagem

O caso de Genie permite-nos a refletir sobre o que acontece se uma criança crescer isolada do contacto humano. A “Menina Selvagem” permaneceu, durante anos, prisioneira num quarto, ao qual quase não chegavam estímulos visuais ou auditivos e sob as ameaças constantes do pai que a condicionou, ao agredi-la de cada vez que emitia sons.
O seu desenvolvimento psicomotor apresentava-se, um desenvolvimento considerado normal para uma criança da sua idade cronológica. Nas palavras dos médicos, explorava “como se fosse cega”, utilizando o toque para se relacionar com o meio.
Sofreu um retrocesso no momento em que foi reprimida por uma das famílias de acolhimento por onde passou, possivelmente, por ter estabelecido uma associação à forma como o pai a punia de cada vez que emitia sons.
Mais tarde, acabou por ser capaz de estabelecer vínculos de ligação e confiança, que certamente terão influenciado bastante a sua capacidade para aprender e melhorar, apesar de ter feitos muitos progressos após ter sido libertada, Genie nunca foi capaz de atingir um desenvolvimento normal da sua linguagem.
Assim, a importância da experiência precoce na aquisição da linguagem e no desenvolvimento psicomotor por parte das crianças está espelhada neste caso. A aquisição da linguagem nas crianças resulta da conjugação de fatores hereditários (genéticos) e fatores do meio.
Resumindo, ainda que a componente genética seja um fator muito importante no desenvolvimento da capacidade intelectual, os fatores do meio desempenham um papel decisivo na determinação do modo como a componente genética se expressará. A pessoa é assim resultado de uma história em que se interligam fatores hereditários e fatores ambientais. A complexidade do que somos deriva do potencial herdado e dos efeitos do meio.