Feral children
NEWTON, Michael 2002. Savage Girls and Wild Boys. A History of Feral Children. London: Faber and Faber. 284p. Resenhado por: Gladis MASSINI-CAGLIARI (UNESP/Araraquara; Linacre College Oxford University)
Palavras-chave:Crianças ferozes; Psicolingüística; Desenvolvimento de linguagem. Key-words:Feral children; Psycolinguistic; Language development.
Este não é um livro escrito por um lingüista, e nem para lingüistas. Mas deveria ser lido por lingüistas, já que o seu tema central a história de vários casos (verdadeiros e documentados) de crianças selvagens, palavra que, para o autor, significa isoladas do convívio humano, por vários motivos (e não apenas aquelas perdidas em florestas e adotadas por animais) resvala na questão, fundamental para os lingüistas, da relação entre linguagem e definição de humanidade (em oposição a animalidade) e, por conseqüência, na questão da relação entre linguagem e pensamento. Por não ser dirigido a um público de cientistas da linguagem, pode parecer que o tratamento dado a essas questões fundamentais é demasiado superficial como não poderia deixar de ser, em se tratando de um não-especialista. Mas a sua leitura vale como convite e provocação aos lingüistas, que, por vezes, fogem ao desconforto de refletir sobre perguntas tão sérias, como as suscitadas pelo relato das histórias - quase inacreditáveis de tão extraordinárias das vidas dessas crianças, grandes sobreviventes de situações das mais cruéis, abusivas e penosas. O livro está organizado em sete capítulos, cada um dos quais dedicado à história de uma dessas crianças, com exceção do primeiro, que serve de introdução ao assunto e que trata (brevemente) da história de duas crianças justamente os casos mais recentes.
D.E.L.T.A., 19:1, 2003 (201-210)
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D.E.L.T.A., 19:1
No primeiro capítulo, intitulado The Child of Nature (rótulo dado às crianças selvagens, crescidas em florestas, no século XVIII), Michael Newton introduz o leitor