O cotidiano das povoações no diretório

O cotidiano das povoações no Diretório José Alves de Souza Junior* Resumo: Este artigo trata do cotidiano dos aldeamentos transformados em vilas e lugares pelo Diretório dos Índios (1757-1798), na Amazônia da segunda metade do século XVIII. Discute-se aqui as diversas práticas engendradas pelos múltiplos atores sociais enquanto vigorou o regimento do Diretório, revelando os conflitos e negociações que tiveram lugar nas vilas e lugares pombalinos. Palavras-chave: cotidiano, diretores, índios, Amazônia, século XVIII Abstract: This article discusses the daily life in the Indian towns (vilas and lugares) created by a royal disposition known as “Diretório dos Índios”, in the Portuguese Amazon region, in the second half of the eighteenth century. It thus focuses on the many practices of the diverse social agents that existed during the its validity (1757-1798), which reveal the conflicts and negotiations that took place within those spaces. Keywords: daily life, “Diretório dos Índios”, Indians, Amazon region, eighteenth century Tema de inúmeros trabalhos, o Diretório dos Índios já foi apontado como um processo civilizatório1, cujo objetivo central era a transformação do índio em colono, a partir de sua inserção na sociedade colonial,2 um sistema jurídico que, laicizando a administração dos aldeamentos, colocou os índios à mercê dos colonos e das autoridades coloniais, possibilitando aos mesmos intensificarem a exploração do seu trabalho, o que teria acelerado o processo de *

A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL REFLEXÕES SOBRE A PROPOSTA DO DIRETÓRIO DE 1757 Lygia Maria Gonçalves Trouche (UFF) Mas, o que há, enfim, de tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo? Nosso propósito, neste texto, é o de apresentar um panorama da política lingüística conduzida por Portugal para o Brasil colonial, culminando com a promulgação, em 1757, da lei Diretório que se deve…

objetivo de estimular a produção de mercadorias nas capitais do Maranhão e do Pará destinadas a exportação, como intuito de promover o desenvolvimento econômico da região. 1.3. Contrastes Internos Em 1743, o cientista Frances Charles Marie La Condamine viajou pelo rio Maranón e todo Solimões/ Amazonas de Jaén (no Peru) a Belém e registrou o contraste existente entre a prosperidade das missões portuguesas que visitou,com a pobreza das que se instalavam nos domínios espanhóis. 1.4.…

Período: “As primeiras letras e o Projeto Civilizatório”, que vai de meados do século XVIII até meados do século XX, divide-se em duas fases: Primeira: “Fase Pombalina”, que vai de meados do século XVII até meados do século XIX, caracterizou-se pela instituição do “Diretório Pombalino”, em 1757, que trouxe grandes mudanças na política educacional criando a Vila Pombalina, de acordo com o Diretório, haveria duas escolas públicas em todas as Povoações: uma para os meninos onde se…

23 • Tempo O projeto pombalino de imposição da língua portuguesa aos índios e a sua aplicação na América meridional * Elisa Frühauf Garcia ** Na década de 1770, foram fundados dois estabelecimentos de ensino, uma escola e um recolhimento, para a educação da população indígena da Aldeia dos Anjos, localizada no Rio Grande de São Pedro. Tendo como base o Diretório pombalino, o principal objetivo destes estabelecimentos era integrar os índios à sociedade colonial e, para isso,…

primeiras visitações. E mesmo entre essas já amplamente estudas, não há consenso. No entanto, a terceira visitação, apresenta-se como excepcional em todos os pontos de vista. As hipóteses explicativas utilizadas na explicação das motivações das duas primeiras visitações, não dão conta, nem de perto, de explicar o caráter ímpar desta terceira visitação. Arison Marques: para quem a visitação se relaciona com a tentativa de controle pombalino por intermédio da vigilância e punição dos…

franceses a ocupavam o Maranhão fazendo com que os portugueses se precipitassem a tomar atitude contra essa presença que ameaçava suas pretensões de posse. Tais notícias fizeram com que o desprezo inicial pela área fosse substituído pelo medo de perder a estratégica bacia amazônica (CARDOSO, 2003, p. 37). Essa defesa contra tais “invasores” foi à principal força organizadora da estratégia de ocupação inicial da Amazônia (CARVALHO, 1998, p. 35-36). Assim, no início da conquista da…

Gentio‖ (1556-1557) e ―Plano Civilizador‖ (1558), se multiplicaria e se repetiria por todo o litoral brasileiro. O sentimento do medo é identificado pelo historiador José Eisenberg como a noção central deste projeto. Através do medo os índios aceitariam a fé cristã. Segundo este historiador, Nóbrega compreendia que promover o medo entre os índios para convertê-los não era coagi-los, mas sim persuadi-los – método de persuasão ―autorizado‖ e justificado pela doutrina tomista que…

é a partir do respeito ao próximo é que teremos uma sociedade mais digna, uma sociedade sem preconceitos, veremos como a temática indígena está sendo abordada e estudada na Escola Estadual Ruth de Almeida Bezerra, tendo como ponto de partida a Lei 11.645. Em seu Primeiro Capítulo vem abrangendo uma breve narrativa da historiografia indígena brasileira, desde o início antes a chegada dos portugueses no século XVI, e após a chegada, evidenciando o processo de resistência dos indígenas…

implantada em 1854. Vemos se desenhar uma política de apropriação territorial no Império, que se volta para a conquista e civilização dos sertões. A preocupação em ocupar o território com o apoio militar, no entanto, esteve presente desde o domínio português. Francismar Lopes de Carvalho estudou como a política pombalina na segunda metade do século XVIII, com a expansão dos impérios ibéricos nas regiões centrais da América do Sul, estimulou a militarização das fronteiras nas áreas de…