Representações Chartier

Teoria da História & Historiografia V. 4, N.1, Janeiro-Julho de 2013 tais palavras foram escritas em um texto que funcionou como um tipo de manifesto em favor àquela abordagem histórica. Esse posicionamento de defesa fica evidente nas palavras desse notável historiador francês ao afirmar que apesar “do seu caráter vago, a história das mentalidades encontrava-se em vias de estabelecer-se no campo da problemática histórica” (LE GOFF, 1976, p. 68-78).46 Essas linhas foram escritas e publicadas originalmente em língua francesa no ano de 1974, mas ao que nos parece, conscientemente ou não, Le Goff parecia prever o fim de uma abordagem criticada como ambígua e frágil, ainda que o próprio autor fosse dela um entusiasta. Como ressalta Rust, o medievalista francês tendia para a confecção de uma história “globalizante [...] excessivamente homogeneizadora, incompatível com ambiguidades, com oscilações, com distorções. Eis os ecos de uma noção cara a Jacques Le Goff: a ideia de mentalidade” (2008, p. 10). A grande falha atribuída à história das mentalidades – e amplamente discutida por autores como, Roger Chartier (1989), Geoffrey Lloyd (1990), Carlo Ginzburg (2006), François Dosse (2003), entre outros –, residia no fato de que ela era efetivamente homogeneizadora e negligenciava as particularidades dos diversos grupos que compõem uma sociedade, além de amarrar os sujeitos nas estruturas de longa duração. Para exemplificar, é conhecido o trecho mais caro a Le…