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em Estranhos estrangeiros de Caio Fernando Abreu: estranhamentos, familiaridade e identidade” analisar e compreender o tema do duplo a partir dos contos selecionados do livro Estranhos estrangeiros (1996): “Estranhos estrangeiros”, “Bem longe de Marienbad” e “London London”, narrativas que apresentam fortes traços do duplo percebido através da oposição estranho/familiar vivida pelas personagens que se encontram deslocados de seu lugar de origem. A escrita de Caio Fernando Abreu é introspectiva, bem como é construída a partir de um amálgama de sentimentos que envolvem dor e ironia. Em relação ao duplo o autor explora a temática de diferentes formas através do reflexo, da sombra, da cópia como acontece em textos como “Aqueles dois” de Morangos mofados (1982) “Retratos” de O Ovo apunhalado (1975), porém de forma específica em Estranhos estrangeiros (1996) o duplo das personagens se dá a partir do efeito de estranhamento e familiaridade vivido pelas personagens das narrativas ao encontrar-se na condição de estrangeiro. Portanto, pretende-se compreender através do corpus selecionado para a pesquisa, como o tema do duplo se manifesta em Estranhos estrangeiros (1996) do escritor gaúcho, principalmente a partir da oposição estranho/familiar e a influencia desse processo para a constituição da identidade dos sujeitos fictícios dessa obra especificamente. 3 JUSTIFICATIVA A literatura nas mais diferentes épocas tem servido de matéria para uma reflexão sobre os mais…

ficou cinzento e, de salto alto, se afastou dela cambaleante, ficando cada vez menor e menos tangível enquanto ela balançava e tentava não desmaiar. Quando se sentiu um pouco melhor, desceu devagar o corredor com as pernas moles, deslizando a mão pela madeira para manter o equilíbrio. Tremia e conseguia escutar o clicar irrequieto dos dentes, um som horrível que parecia captar não com os ouvidos, mas com o fundo dos olhos. Nem sequer pensou em tentar chegar ao quarto no andar de…

mas o mundo ficou cinzento e, de salto alto, se afastou dela cambaleante, ficando cada vez menor e menos tangível enquanto ela balançava e tentava não desmaiar. Quando se sentiu um pouco melhor, desceu devagar o corredor com as pernas moles, deslizando a mão pela madeira para manter o equilíbrio. Tremia e conseguia escutar o clicar irrequieto dos dentes, um som horrível que parecia captar não com os ouvidos, mas com o fundo dos olhos. Nem sequer pensou em tentar chegar ao quarto no andar…