“A EPOPEIA DO SERTÃO”: A MULHER SERTANEJA NA FACE DE MARIA MOURA
Priscila Goes da Silva2
Resumo
A epopeia3 é um gênero que passou por grande transformação4, pois antes da modernidade só era possível encontrar textos com características épicas na voz masculina. Nesse artigo é analisada, além de um conjunto de cenas movidas por sentimentos humanos, a figura da mulher sertaneja numa personagem que mostra em sua face toda coragem e força da mulher que Rachel de Queiroz, autora da obra Memorial de Maria Moura (1992), traz no romance como personagem central.
Palavras-chave: Sertão, Mulher, Coragem, Luta.
1-INTRODUÇÃO
Na leitura da obra de Rachel de Queiroz, Memorial de Maria Moura, nota-se o enlace de personagens com histórias distintas, causando curiosidade no leitor para saber até que ponto chega os fatos na narrativa da autora junto a essas aventuras. A trama situa-se em meados de 1850, e o espaço geográfico em que se desenrola o enredo da obra parece-nos categórico, quando se trata de um ambiente sertanejo onde, muitas vezes, a mulher tem seu retrato apagado e sua identidade desconhecida, foi escrito justamente numa época e sociedade em que a mulher se encontrava em constante luta para reconhecimento de si própria. Essa mesma luta os romances escritos pela voz feminina também passaram, pois é na poesia épica que se encontra a força canônica, e anteriormente só na voz masculina.
Rachel de Queiroz além de assentar-se na cadeira da Academia Brasileira de Letras como a primeira mulher, escreveu essa grande epopeia, entre outras obras, considerada como um cânone épico do Sertão. A autora, nordestina, natural de Fortaleza, (CE), com seu papel regionalista, demonstra em seu romance o valor da mulher nordestina e seu potencial para vencer as dificuldades da vida, principalmente o preconceito, não só contra a mulher em si, mas também contra a mulher nordestina que, por muitas vezes, sofre estigmatizada quando sua imagem é relacionada a uma bacia de