“Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar”: uma leitura sobre a mística no Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein
Bem-aventurado silêncio. Feliz o homem que nada sabe e nada quer. (Angelus Silesius)
1 Introdução
Muitos foram as preocupações que surgiram durante a história da filosofia às quais os filósofos dedicaram o árduo trabalho buscando encontrar razões ou soluções para os problemas delas sugeridos. Basta relembrarmos dos primeiros filósofos gregos, como, por exemplo, Tales de Mileto, que dedicaram tempos e mais tempos para tentarem descobrir de que o mundo é formado, ou seja, qual o primeiro princípio de todas as coisas. Um afirmava que era a água, outro que era o fogo, ou então que tudo era formado pelos quatro elementos, terra, agua, ar, fogo, que pelo amor se uniam e pelo ódio se separavam. Com o passar dos tempos os questionamentos sobre a origem do mundo foram dando espaço para outros questionamentos e necessidades, como, por exemplo, a necessidade de se afirmar um mundo supra-sensível, como fez Platão; a necessidade de se afirmar um conhecimento verdadeiro, como em Descartes, Hume e Kant. Por fim o questionamento que vem tomando cada dia mais o espaço na discussão filosófica é a linguagem: sua possibilidade, seus alcances e seus limites. Visto que, como nos afirma Lima Vaz ao descrever a categoria de subjetividade, ou seja, o relacionamento entre seres humanos, a linguagem é a mediadora dessa relação, parece-nos bastante pertinente a discussão de tal capacidade humana. Nesta perspectiva do estudo filosófico sobre a linguagem, um dos grandes nomes é Ludwig Wittgenstein.
Autor que marca uma grande reviravolta na discussão sobre linguagem, Wittgenstein em princípio não era estudante de filosofia, mas sim se interessava por questões das chamadas ciências exatas, como é o caso da matemática e da física. Há relatos de que fora autor de um projeto de motor de um avião que anos depois foi construído e funcionou perfeitamente