“Questão Social” e sua Apropriação pelos Assistentes
Para Marx (1978, p. 120) a anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco; o mais complexo explica o menos complexo e as formas superiores de desenvolvimento explicam as formas inferiores de desenvolvimento. Nesse passo, diz Iamamoto (2004, p. 236), a profissão de Serviço Social não se explica por si mesmo, senão a partir de sua inserção na sociedade.
Portanto, em havendo um eixo que articulasse o desenvolvimento sócio-histórico do Serviço Social e a realidade social, acertadamente a categoria profissional reconheceu que esse eixo era a chamada “questão social”. Contudo, a grande variedade conceitual no interior da literatura profissional, por meio de diferentes focos analíticos, tem levantado uma série de inquietações sobre a direção que esta assume entre os assistentes sociais em seus espaços sócio-ocupacionais. Com isso, apresentamos alguns apontamentos levantados durante pesquisa de mestrado com assistentes sociais supervisores de campo, analisando sob referências teóricas no interior da profissão.
Determinantes históricos, teóricos e analíticos entre Serviço Social e “questão social”
Com a perspectiva de análise crítica da realidade mediante legado marxiano, o Serviço Social se colocou num grande esforço em romper com as visões endógenas e focalistas que se eximiam de análises sobre as determinações das relações capitalistas na constitucionalidade da profissão.
Observa-se que com a publicação em 1982 de “Relações sociais e Serviço Social no Brasil” foi demarcado, pelos autores Marilda Iamamoto e Raul de Carvalho, o entendimento da profissão de Serviço Social comoum tipo de especialização do trabalho coletivo, concretizando a primeira aproximação rigorosa da profissão ao legado marxiano. Sob essa perspectiva, diz Iamamoto (2001b, p. 76), a profissão foi se colocando enquanto expressão, “[...] de necessidades sociais derivadas da prática histórica das classes sociais no ato de produzir e reproduzir os meios de vida e de trabalho de