“Il Gattopardo” e o tempo, e a morte, e a filosofia
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Ética I – HG 303A
Professor Doutor Roberto Romano da Silva
Discente Maisa Cardozo Fidalgo Ramos
“Il Gattopardo” e o tempo, e a morte, e a filosofia
“Entre nós, qualquer manifestação, mesmo a mais violenta, é uma aspiração ao esquecimento. Nossa sensualidade é desejo de esquecimento. Nossos tiros e facadas são desejos de morte. Nossa preguiça, a penetrante doçura de nossos sorvetes, desejo de voluptuosa imobilidade, ou seja, sempre de morte.” Do Príncipe de Salina, sobre a Sicília
Baseado na obra literária homônima de Lampedusa, o filme “Il Gattopardo” é considerado pela crítica a obra-prima de seu diretor Luchino Visconti (Milão, 2 de novembro de 1906 — Roma, 17 de março de 1976). De origem nobre, o diretor desde cedo manifestou interesse por arte e esteve intimamente ligado à tradição italiana que remonta à idéia de operística (ópera, gênero surgido em 1600 na Itália), modalidade artística que articula vários registros da imagem e da narrativa formando uma experiência total no exercício do deslumbramento da obra de arte. Esse conceito de totalidade se faz presente em todo o filme. É perceptível como Visconti preocupou-se meticulosamente com cada detalhe, o que, proporciona ao espectador uma experiência única: a experiência de “degustar” uma obra-prima sem igual. Mais adiante, provarei onde estão estes tão “saborosos” detalhes. Ainda sobre Visconti, faz-se importante ressaltar uma preocupação constante do mesmo durante toda a sua vida, que se faz refletir em suas obras: o começo e o fim. A vida e a morte. A decadência e a ascensão. Mais ainda, Visconti relaciona isso com a passagem do tempo, que determina os momentos quando há inicio e quando há o término. Pretendo abordar no texto que se segue essa idéia do tempo, presente nas entranhas de “Il Gattopardo”. O tempo, sob uma perspectiva filosófica, significa uma corrupção