Óleo ascarel
Há cerca de três meses registrou-se o vazamento e sumiço de cerca de 11 mil litros do óleo ascarel, estocado dentro de transformadores elétricos, do prédio da antiga sede do Jornal do Brasil no Rio de Janeiro. Que óleo é esse que merece destaque? Não nos parece caso repetido mudando apenas o agente? Lembram-se do césio 137 em Goiânia?
O Brasil já domina tecnologia para destinação final adequada de vários resíduos, inclusive para o ascarel, óleo que pertence ao grupo de compostos orgânicos sintéticos conhecido como PCBs (bifenilas policloradas). Os PCBs possuem propriedades dielétricas (como resistividade e rigidez) e capacidade calorífica elevada, tendo sido amplamente aplicados no isolamento e resfriamento de transformadores elétricos. Por outro lado, esses compostos não são biodegradáveis e se bioacumulam em tecidos vegetais e animais. Seus resíduos são tóxicos e de reconhecida ação carcinogênica (provocam o câncer), além de causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central. Por isso, em 1981, a legislação brasileira proibiu a fabricação e comercialização do ascarel, por meio da Portaria Interministerial MIC/MI/MME nº 19 (de 29/1/81), embora esta mesma portaria permita a utilização dos equipamentos com ascarel já existentes até o fim de sua vida útil, cerca de 40 anos.
O ascarel é um produto tecnicamente chamado de Alocloro 1254, um óleo resultante da mistura de hidrocarbonetos derivados de petróleo, utilizado como isolante em equipamentos elétricos, sobretudo transformadores e capacitores elétricos. É um fluido dielétrico e lubrificante que serve também para resfriar equipamentos elétricos, além de evitar os curtos-circuitos. Os óleos que contêm PCBs são conhecidos sob denominações comerciais, chamados de ascaréis. São compostos organoclorados, o que os colocam na lista dos POPs (poluentes orgânicos persistentes), não-biodegradáveis, altamente tóxicos de ação corrosiva e inflamável, capazes de causar efeitos nocivos ao ambiente e