Ética
Por Luiz Martins (*) O título não deveria ser ‘éticas elementares’? Concordo. E vai dar na mesma, mas, ainda prefiro referir-me aos elementos como se estivesse fazendo uso de um certo “pensamento selvagem” que nos conta acerca de um passado – ou, ainda presente entre alguns povos ditos primitivos -, que é o de reverenciar o ‘espírito’ dos elementos, quais sejam: o ar (que respiramos); a água (que bebemos); a terra (que nos sustém); e o fogo (que transforma os outros elementos em nosso benefício). Conta-se que era próprio de alguns caçadores dos primórdios, depois da caça abatida, uma ‘conversa’ com ela, para que entendesse a necessidade que havia justificado o seu arrebatamento: a alimentação da família; a partilha dos seus pedaços; um pedido de desculpas, enfim, mas com um consolo póstumo: continuaria a viver, desta feita, no sangue que corre nas veias dos guerreiros; no sorriso das crianças alimentadas; no vigor dos anciãos, já sem força física, mas, com muita sabedoria técnica e moral para transmitir. Havia também um respeito para com os elementos, como se eles fossem entidades, vivas, dotadas de alma, como os seres humanos. Como se fossem? Pois não é que experiências químicas têm demonstrado, por exemplo, que a água é sensível a distintos tratamentos afetivos? Eu vi isso num programa de televisão, um cientista contando que havia comparado os desenhos de gotas d’água, uma, submetida a desaforos; outra, acariciada com palavras carinhosas. Uma vez congeladas, adquiriram formas diferentes. Mas, não quero chegar a tanto, nem propor comportamentos animistas e primitivos, apenas transmitir o que venho tentando assimilar por mim mesmo, uma ética para com os elementos, sobretudo no que se refere a condutas corretas e dignas para com essas quatro entidades da vida, do planeta, do cosmo e, portanto, de mim mesmo. Creio que um princípio básico é o da conservação, do não-desperdício ou, quando menos, de um certo decoro -- cada