Ética e sustentabilidade.
O texto de Leonardo Boff discorre sobre um importante aspecto que permeia nossa realidade atual: a falta de solidariedade e espírito de compartilhamento que assola o comportamento de grande parte da sociedade e orienta as ações de um mercado de consumo faminto pela lucratividade e destrutivo ao planeta. Há uma inversão de conceitos que rege os comportamentos sociais e de mercado atualmente que já é passível de observação no próprio termo desenvolvimento sustentável, cujo significado incorre em uma contradição tendo em vista o sentido do termo desenvolvimento – atrelado ao crescimento econômico, à obtenção de lucro e ao enriquecimento – e de sustentabilidade – ligado à harmonização e racionalização de recursos a fim de se manter o planeta em um ritmo de uso estável que não acarrete escassez de recursos, por exemplo. Boff explicita, no decorrer do texto, que essa contradição parece denotar a importância maior que os sistemas social e econômico delegam ao enriquecimento às custas do dano ao capital natural da Terra em comparação à preocupação e certificação de se estar atuando em moldes social e ecologicamente adequados. Diante dessa ausência de responsabilização pelos recursos e ambientes degradados, é bastante nítida a visão do autor quanto ao sombrio futuro que nos aguarda caso calemos a consciência e a racionalidade ao se lidar com os recursos naturais do planeta. O posicionamento do autor encontra um feliz e coerente desfecho, assim, ao apontar a nova ética da sustentabilidade como possível solução ao caos porvindouro. Essa ética mistura elementos de responsabilização e conscientização que parecem ser de grande utilidade na mudança de mentalidade que gostaríamos de observar no contexto atual. É interessante perceber, ainda, a humanidade tocante carregada pelo discurso do autor. Mencionando afetividade,