Ética a nicomaco
Fichamento: “Ética a Nicômaco”
§1 No que toca a justiça e a injustiça devemos considerar: com que espécies de ações se relacionam elas; que espécie de meio termo é a justiça; e entre que extremos o ato justo é intermediário.
§2 Concepções de justiça e injustiça: a primeira é a disposição caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e desejar o que é justo; a segunda é a disposição que leva as pessoas a agir injustamente e desejar o que é injusto.
§3 Um estado é reconhecido pelo seu contrário, e não menos frequentemente os estados são reconhecidos pelos sujeitos que os manifestam; porque quando conhecemos a boa condição, a má condição também se nos torna conhecida; e a boa condição é conhecida pelas coisas que se acham em boa condição. Se um dos contrários for ambíguo, o outro também será.
§4. O justo é, portanto, o respeitador da lei e o probo, e o injusto é o homem sem lei e ímprobo.
§5 Visto que o homem injusto é ganancioso, deve ter algo que ver com bens – não todos os bens, mas aqueles que dizem respeito a prosperidade e a adversidade, e que tomados em absoluto são sempre bons, mas nem sempre o são para uma pessoa determinada.
§6 O homem injusto nem sempre escolhe o maior, mas também o menor- no caso das coisas que são más em absoluto.
§7 Nas disposições que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em mira a vantagem comum, quer de todos, quer dos melhores ou daqueles que detêm o poder ou algo desse gênero; de modo geral, em certo sentido, chamamos justo aqueles atos que tendem a produzir e a preservar, para a sociedade politica, a felicidade e os elementos que a compõem.
§8 Essa forma de justiça é, portanto, uma virtude completa, porém não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo. Por isso, a justiça é muitas vezes considerada a maior das virtudes.
§9 Somente a justiça, entre todas as virtudes é o “ bem de um outro”.
§10 A justiça não é uma parte da virtude, mas a virtude