Ética prática - capitulo iii - peter sinhger

Segundo Peter Singer, o princípio da igualdade, além de considerar o interesse de todos os seres humanos, independente da sua raça ou do seu coeficiente de inteli-gência, e também deveria ser estendido aos animais não humanos por “que o facto de certos seres não pertencerem à nossa espécie não nos dá o direito de os explorar e, do mesmo modo, o facto de outros animais serem menos inteligentes que nós não signifi-ca que os seus interesses possam ser ignorados” (Peter Singer, Ética Pratica).
Reiterando uma teoria de Jeremy Bentham, o autor considera que o fato de um ser apresentar reações de sofrimento e de satisfação já é condição suficiente para que os seus interesses sejam considerados e respeitados.
A moral deve então considerar as capacidades de sofrer e ser feliz dos seres, quanto maior puderem ser percebidas tais capacidades maior será o compromisso moral de respeitar os seus interesses. O autor cria o termo “especista” para identificar aquelas pessoas que atribuem maior peso aos interesses dos membros da sua própria espécie.
Analogamente aos racistas, que atribuem privilégios aos membros da sua raça, “os especistas humanos não aceitam que a dor sentida por porcos ou ratos seja tão má como a dor sentida por seres humanos”.
É complicado se comparar a intensidade da dor sentida por espécies diferentes, vista o número de variáveis a serem consideradas, tais como a constituição física do corpos, pele ou couro, unhas ou cascos etc., e a consciência humana que é capaz de distinguir entre uma agressão e um procedimento médico, ainda que ambos possam causar dor. Ainda que seja verdade que os humanos sofram mais que os animais, que a dor seja percebida com maior intensidade, não há justificativa moral para que qualquer ente tenha que ser submetido a dor, sobretudo se ela puder ser evitada. Quanto ao direito à vida, o autor considera que, neste caso, a vida de um ser autoconsciente e capaz de planejar o futuro é mais valiosa do que a vida dos seres que não