Ética profissional na saúde
1. Introdução
Este texto busca sintetizar reflexões acerca da dimensão subjetiva presente no ato técnico e pertencente à especificidade do trabalho em saúde com reflexões acerca da dupla natureza desse trabalho, peculiaridade que faz combinar em seu interior a esfera técnica e a esfera ética de atuação. Objetivamos discutir espaços e limites do trabalhador como sujeito no trabalho, além de ser, claro, seu agente ou operador técnico. Nesta síntese, apoiada em algumas pesquisas e textos anteriores (Schraiber, 1993, 1995a, 1995b), tentaremos relacionar ética e subjetividade com, e no, exercício da técnica, isto é, como parte da ação em saúde, representada pela intervenção médico-sanitária sobre doentes/doenças e enquanto ato em realização no cotidiano social.
Estaremos buscando, então, respostas para questões do tipo: 1. Há algum espaço para o exercício de julgamentos de natureza subjetiva no interior da técnica em medicina ou em saúde coletiva e também no interior de seus atos de trabalho, como intervenções em realidades dadas? Este tipo de indagação certamente nos coloca diante de problemáticas de natureza ética, porque nos coloca diante de situações de escolhas e decisões, que dizem respeito a uma relação interpessoal na vida cotidiana e sobretudo dizem respeito ao Outro da relação (no caso a relação médico-paciente ou profissional da saúde-paciente), e que, além disso, seriam juízos (escolhas/decisões) feitos no âmbito pessoal dos agentes de trabalho. Os profissionais da saúde dispõem-se, neste caso, como indivíduos privados mas que são simultaneamente técnicos da ciência, sujeitos da sociedades e cidadãos de formações sociais concretas dadas. A problemática ética assim insere-se não apenas na esfera da pesquisa biomédica e das macrodecisões de políticas de saúde, devendo-se lembrar que estas esferas, em especial a última, darão conta da presente problemática nas práticas relativas à saúde coletiva em sua