Ética, democracia e cidadania. cem anos depois de rudolf von ihering
Ano 14 - julho de 1993 - p. 33-38
Ética, democracia e cidadania.
Cem anos depois de Rudolf Von Ihering
Aurélio Wander Bastos
Este ensaio sobre o livro de Rudolf Von Ihering (1818/1892), A Luta pelo Direito, editado em 1872 como resultado de palestra proferida na Sociedade Jurídica de Viena, é um estudo compreensivo de sua teoria política do Direito, onde a finalidade do Direito é a paz e o meio de atingi-lo é a luta expressiva da inquietação do homem para alcançar a paz. Nitidamente é um livro de política e Direito, e não de filosofia do Direito, onde o homem, não apenas é o agente articulador da vida social, mas também é o agente que desagrega a opressão, a humilhação e a indignidade.
Nestes estudo identificamos: por exemplo, o "homo faber", para quem o trabalho, não é apenas uma atividade que o distingue das demais especies, mas também instrumento de acumulação de riquezas; o "homo economicus", especialíssima figura que nos permite reconhecer na luta contra a escassez uma luta socialmente desenvolvida e, o "homosapiens", figuração essencial do homem que pensa, e que permitiu a articulação dinãmica entre o trabalho, a sobrevivência, e o conhecimento consciente. É neste quadro de interrelações em que o trabalho modifica a natureza, adaptando-a as expectativas do homem que pensa, que se desenvolve a cultura, não apenas como efeito do trabalho construtivo, mas também como expressão significativa dos valores conscientes do homem. O homem que trabalha, pensa; o homem que pensa, avalia o objeto resultante de seu próprio trabalho, seja ele um objeto físico, uma pedra, seja uma construção rítmica, um objeto imaterial, seja uma forma ou um padrão estético de relacionamento, ou mesmo uma postura educativa ou até a expectativa de que na luta socialmente desenvolvida pela sobrevivência as partes cumpram os seus deveres e que cada um possa exigir do outro o cumprimento do dever.
Rudolf Von Ihering: detectou o ambiente de deveres em