Álvaro de Campos oral Dactilografia
Neste poema, o sujeito poético apresenta-se como um engenheiro só, isolado, concentrado no seu mundo e afastado do mundo exterior, o que o faz sentir-se estranho a si mesmo “Remoto até de quem eu sou”.
Na segunda estrofe, o sujeito lírico encontra-se angustiado, aborrecido e descontente devido à monotonia da sua vida. O barulho do tique-taque das máquinas de escrever produz desconforto diretamente ligado a essa monotonia.
Devido a este cansaço do presente, na terceira estrofe o eu lírico vai-se relembrar da sua infância associada à fantasia, felicidade e inconsciência. Mas é interrompido pelo som das máquinas de escrever que o vão fazer regressar ao presente tedioso.
Nas duas estrofes seguintes o sujeito poético estabelece uma ligação entre a vida verdadeira (que ele considera a sonhada, ligada infância e à alegria de viver) e a falsa (a vida real, do dia a dia). O sujeito poético afirma ainda que na vida verdadeira “não há caixões nem mortes” contrariamente à vida falsa. No final do poema o eu lírico diz que naquele momento vive na vida verdadeira devido à angústia e ao tédio da vida falsa mas é de novo levado ao presente.
Neste poema pode-se observar ainda uma semelhança com a biografia de Álvaro de Campos: o facto de ser engenheiro, estar sozinho com o seu tédio e cansado da banalidade do quotidiano.
Ao longo do poema podemos observar recursos estilísticos como a anáfora (outrora; que), a antítese (vivemos/morremos) e a onomatopeia (tique-taque).