Resenha do texto “Documentação Necessária” - Lucio Costa
No texto Documentação Necessária, publicado na revista n° 1 do IPHAN, o autor Lucio Costa inicia questionando o estudo real da nossa antiga arquitetura, fato este que iremos dar atenção no presente instrumento. Ele discorre sobre a construção das casas no período colonial, que carregaram, segundo muitos, o paradigma de serem meras cópias da arte de nossos colonos portugueses, estes que tinham foco em construções populares, nos restando apenas como “arte” as construções eruditas, em que pudemos aplicar como o autor cita nas palavras de Mario de Andrade, a nossa arte “sabida”.
Destarte, nossas simples construções eram “engolidas” pelas viris “construções portuguesas”, inicialmente, aqui impostas sem nenhuma forma de maquiagem que nos desse direto de chamar tal arquitetura de propriedade nossa.
Apesar disso, a força da arquitetura portuguesa colonial foi se dissipando em meio às adaptações que nosso meio exigia, dando lugar a um “maneirismo” impulsionado inicialmente pelos materiais aqui dispostos para construções.
Estas construções, quando misturadas aos conhecimentos dos verdadeiros arquitetos (índios e negros que carregavam consigo uma “arquitetura européia), quem sabiam lidar com tais materiais, imprimiram seus sistemas construtivos e deram origem a uma nova arquitetura, mais simples quando comparada a suas origens européias, mas de grande valor arquitetônico, o que sem duvida, concordamos com o autor.
É do aprofundado estudo desse valor arquitetônico que Lucio Costa fundamenta seu texto. O mesmo descaracteriza as já citadas viris construções portuguesas, dando lugar a uma amável construção que não perde sua exatidão técnica e objetividade, ou seja, sua “razão de ser”, seja nas casas grandes da fazenda como as casas mínimas, que até hoje sobrevivem apesar de seu aspecto frágil (como o autor constatou em suas viagens de finalidade acadêmica).
As viagens do autor são exemplo de seu aprofundamento