O “OUTRO” EUROPEU NO BRASIL HOLANDÊS
Gabriel Cordeiro Silva1
Resumo:
O presente trabalho busca abordar como foi categorizado o outro no passado. Este outro foi repugnado ou, no mínimo, tolerado, devido a sua antagônica natureza de culto religioso ou por ser opositor bélico, no século XVII, nas Guerras Brasílicas, entre holandeses e portugueses. Para alçar tal objetivo, se examinará as declarações do Padre Antônio Vieira, do Humanista e Predicante Protestante Gaspar Barléus e do Embaixador português Francisco de Andrade Leitão, em que, o outro é visto conforme as suas convenções e princípios sociais. Estes se apresentam como detentores da verdade histórica, atribuindo a visão do outrem como influência da ação demoníaca, como falsa ou criada pela convivência pouco amistosa. Destarte, a representação foi um instrumento de julgamento, levando ao estado de pouca compreensão sobre o próximo e conectada as relações sociais e ao lugar social de elaboração de conhecimento.
Palavras: Representação, Guerras Brasílicas e Verdade.
O período colonial do “Brasil” é marcado por um processo de dominação exploratória dos recursos econômicos. A organização social no “Brasil colônia”, com a colonização, ocorreu de modo fortuito, determinada pelo desejo de enriquecimento do colonizador, florescendo uma ímpar história social transcultural, miscigenada e ocidentalizada, repleta de convivências e formulações hierárquicas.2
A representação, como instrumento de classificação, demonstra a concepção sobre algo ou outrem e pertence a pessoas que podem ou não exprimir idéias de um grupo social. São gerados pareceres sobre as crenças, o nascimento, as características e a visão de mundo do outro, surgidas em momentos de divergências e do estado de superioridade de uns perante outros.
As relações pessoais ocorreram desigualmente para com alguns grupos sociais nas colônias. A Inquisição perseguia Judeus, brancos, mulatos, mamelucos e índios; os escravos eram mercadorias para comerciantes