O veneno está na mesa - resenha
Direção: Silvio Tendler
Ano: 2009
O documentário O veneno está na mesa, aborda de forma clara e objetiva um assunto que deveria ser de conhecimento de toda a população mundial. Trata dos modos como a chamada Revolução Verde do período pós-guerra eliminou quase totalmente os traços da agricultura tradicional. E em seu lugar, implantou um modelo de agricultura que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. Nós, brasileiros, somos as principais vítimas dessa triste realidade, já que nosso país é, em todo o mundo, o que mais consome os venenos: são 5,2 litros/ano por habitante. E o que é ainda pior, muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública.
Os riscos referentes ao uso desses agrotóxicos alcançam imediatamente os trabalhos que lidam com eles, os consumidores e, de forma geral, todo o meio ambiente ao seu redor. Os únicos beneficiados por esse sistema agrícola são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A ideia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio e que existem possibilidades, como no caso de Adonai, um jovem agricultor que individualmente faz questão de plantar o milho sem veneno, enfrentando inclusive programas de financiamento do governo que tem como condição o uso desses agrotóxicos. No Brasil, há incentivo fiscal para quem utiliza agrotóxicos, gerando uma contradição entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio da segunda.