o velho que lia romances de amor
António Bolívar começa a interessar-se pela leitura, e, posteriormente, pelos romances de amor (daqueles que acabam sempre bem), que o transportam para um universo idílico, longe da crua realidade da vida. Aspecto potencialmente interessante deste romance, mas que não é devidamente explorado pelo escritor, nunca se sentindo nem se pressentindo nada de particularmente interessante ou profundo nesta obstinação de Bolívar por esses romances.
António Bolívar é, resumindo, um personagem singular, que apresenta uma certa sabedoria de vida, mais prática do que propriamente espiritual, o que, não sendo um defeito, acaba por se revelar superficial por falta de aprofundamento da parte do escritor.
Desprovido de grandes riquezas literárias, o romance vale pelas descrições da selva amazónica e pelos episódios onde mostra os conhecimentos e sabedoria dos indígenas, mas tem demasiado cheiro a reportagem e muito pouco de romance. Uma colagem de vários aspectos da vida amazónica embrulhados na tentativa de criar um enredo e um romance em torno de um velho que gostava de ler histórias de amor, mas que falha no seu todo. O romance pode ser original pela temática, e criar algumas expectativas quer pelo seu título, quer pelos primeiros capítulos, mas não sobrevive como um bom romance, sendo a sua brevidade uma forma de camuflar a sua vulgaridade, onde o leitor