o valor da vida
(Uma entrevista rara de Freud)
Entrevista concedida por Freud ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926. (Considerada perdida até a Versão condensada datada de 1976, publicada integralmente no Journal of Psychology - Psychoanalysis and the Fut - Edição Especial, N.Y. em 1957) (neste site: dezembro de 1998).
Publicada também no livro "A Arte da Entrevista", Fabio Altman, Ed. Scritta, SP, 1995. Entrevista original: "Glimpses of the Great", G.S.Viereck, NY,London,Berlim.
- Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade.
Quem fala é o professor Sigmund Freud, o grande explorador da alma. O cenário da nossa conversa foi uma casa de verão no Semmering, uma montanha nos Alpes austríacos.
Eu tinha visto o pai da psicanálise pela última vez em sua casa modesta na capital Austríaca. Os poucos anos entre minha última visita e a atual multiplicaram as rugas na sua fronte. Intensificaram a sua palidez de sábio. Sua face estava tensa, como se sentisse dor. Sua mente estava alerta, seu espírito, firme, sua cortesia, impecável como sempre, mas um ligeiro impedimento da fala me assustou.
Parece que um tumor maligno no maxilar superior necessitou ser operado. Desde então Freud usa uma prótese, para ele causa de constante irritação.
- Detesto o meu maxilar mecânico, porque a luta com o aparelho me consome tanta energia preciosa. Mas prefiro um maxilar mecânico a maxilar nenhum. Ainda prefiro a existência à extinção. Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que o fardo que carregamos.
Freud se recusa a admitir que o destino lhe reserva algo especial.
Porque - disse calmamente - deveria eu esperar um tratamento especial? A velhice, com suas agruras, chega para todos. Atinge uma pessoa aqui, outra ali. Seus golpes sempre alcançam um ponto vital. A vitória final pertence ao Verme Conquistador.
"Out - out