O Valor da Arte
Paula Mateus "There would be no problems of aesthetics, in the sense in which I propose to mark out this field of study, if no one ever talked about works of art. So long as we enjoy a movie, a story, or a song, in silence – except perhaps for occasional grunts ou groans, murmurs of annoyance or satisfaction – there is no call for philosophy. But as soon as we utter a statement about the work, various sorts of question can arise."
M. Beardsley, Aesthetics, Problems in the Philosophy of Criticism, Indianapolis, Hackett Publishing Company.
As questões acerca do valor da arte, ou de determinadas obras de arte, surgem quando procuramos fundamentar o que dizemos aos outros ou a nós próprios sobre as obras de arte. E a grande maioria das nossas considerações sobre as obras de arte, são, de uma forma ou de outra, juízos de valor. Quando afirmamos que vale a pena ver um filme ou que o trabalho de um escritor específico deveria ser mais divulgado, estamos a mostrar aos outros que atribuímos valor às referidas obras. Supostamente, como estas são obras de arte, estamos a atribuir-lhe valor estético, ainda que possamos acreditar que estas possuem também valor moral, religioso ou até económico.
As tentativas de esclarecer as questões acerca do valor estético são variadas e muitas vezes contrárias. Pode considerar-se a experiência estética como tendo valor em si mesma ou como sendo um meio para atingir valores maiores. Na estética clássica domina a ideia de que a arte tem fins exteriores e superiores a ele própria. Para Kant, por exemplo, a experiência estética permite unir as componentes natural e numénica do homem. Ela tem valor porque cumpre uma função antropológica, por assim dizer. Para John Ruskin a arte serve para educar as populações para valores maiores, nomeadamente os valores tradicionais da nobreza britânica, a honra e a obediência. O seu valor advém da sua função moral. A limite, pensa Ruskin, a educação artística pode ajudar a