O urso na casa azul
Mas a única coisa que aconteceu foi uma chuva de estrelas, que ficaram no chão a brilhar, formando arco-íris na neve que cobria tudo.
Quando percebeu que aquele filho não teria irmãos gémeos, a cadela envolveu-o nas suas patas e começou a lambê-lo devagar, dizendo: «Meu querido bebé, és mesmo especial». Sacudindo o seu pêlo de carpélio lustroso, o cãozinho disse: «Ora. Todos somos especiais.» A mãe estava cada vez mais surpreendida, porque os cães recém-nascidos, em princípio, não falam tão bem como os adultos.
A notícia do cão azul saiu no jornal, e o rei dos cães mandou-o chamar ao palácio feito de ossos de ouro: «Já que falas tão bem e sabes tudo, explica-me como é que eu posso me tornar rei de todas as terras e de todos os animais, e farei de ti um príncipe». Mas o pequeno cão azul não disse nada; limitou-se a saltar para o sofá de almofadas cor-de-rosa, para brincar com a princesa caniche que ali dormia. Então o rei escorraçou o cão, dizendo: «Um rafeiro que prefere brincar com almofadas de menina a ser um príncipe poderoso não merece a minha atenção».
O rei dos cães tinha o hábito de festejar a passagem de ano a esquiar com a sua corte. Conseguira expulsar os últimos ursos, já muito velhinhos, que moravam nas montanhas proximas. Mandara fazer uns pais-natais gigantes que punha em cima dos pinheirosiluminados e assustavam todos os animais, menos os cães. O rei cão convencera os seus súbditos de que o pai-natal traria brinquedos aos cães obdientes, e por isso os cães chegavam a passar fome para dar ao rei todo o ouro que ele