O universo espiritual da pólis
Aluna: Milla Karla Coqui de Oliveira
Data: 17/03/2014
Texto: “Universo Espiritual da Polis” (As origens do Pensamento Grego – VERNANT, Jean Pierre, Capítulo IV)
-Pág. 34: Entre os séculos VIII e VII a.C., em território grego, surgiu o sistema que mudara completamente a interação humana e a vida em sociedade, denominada polis. Seu advento foi decisivo para os rumos do pensamento grego, uma vez que neste, o instrumento político capaz de outorgar a ordem é, única e exclusivamente, a palavra, que se configura a “chave de toda a autoridade no Estado”. Em tal contexto, a força de persuasão, Peithó,se configura no poder dessa palavra que agora, aplicada ao debate contraditório, à discussão e à argumentação, terá a mesma significância que as fórmulas em rituais religiosos e aos “ditos” do rei. -Pág. 35: Por consequência dessa mudança, as decisões, de interesse comum, que antes eram determinadas pelo Soberano, passam a ser submetidas à arte oratória, tornando-se conclusão de um debate. Assim, a política e o discurso se relacionam intimamente, sendo a primeira, produto do exercício do segundo. Alguns artifícios do discurso se mostraram mais eficazes e vitoriosos nas lutas da assembléia e do tribunal, a retórica e a sofística. No caso dos sofistas, a persuasão era violentamente explorada, e usada junto a regras da demonstração. O poder de convencimento desses oradores era tão forte que eles ofereciam sua oratória como serviço, ou seja, recebiam para discursar a favor de alguém. No ambiente da polis, outra característica é a necessidade de publicidade. Somente a exposição irrestrita do conjunto das condutas, dos processos e do conhecimento proporcionou o duplo movimento de democratização e divulgação, que resultou no contato do demos com o “mundo espiritual” , o que outrora fora um privilégio da aristocracia. Essa publicidade também era importante para assegurar que o conhecimento, os valores e as técnicas mentais fossem