O triunfo eucarístico: símbolo do poder religioso e político nas minas setecentistas
O presente artigo tem como objetivo fazer uma reflexão acerca do Triunfo Eucarístico, uma festividade barroca ocorrida em Vila Rica no ano de 1733, que, por sua vez buscou a reafirmação e legitimação o poder religioso e político e evidenciou a pura ostentação de uma falsa riqueza de uma sociedade em conflitos que levava uma vida de aparências e por sua vez buscava manter seu prestigio social.
2. Desenvolvimento
2.1. Contextualização histórica
O Barroco origina-se na Europa, onde, em contraposição ao Renascimento (considerado como um modelo de beleza ideal) é vinculado a uma imagem de arte selvagem, degenerada dentre outros adjetivos de certa forma até pejorativos. Barroco deve ser pensado como um período de mentalidade em conflitos, em que o homem era inscrito em um período de religiosidade exacerbada e característico por suas contradições, dualidades como vida e morte, céu e inferno, bem e mal. De forma oposta ao Renascimento, o Barroco tem preferência pelo pictórico, pelas cores, a profundidade, os volumes e formas abertas. O contexto histórico no qual o Barroco se insere é repleto de transformações sociais, econômicas, religiosas e artísticas que foram essenciais à história da humanidade.
Nesse período a Igreja Católica encontrava-se perseguida e questionada quanto aos seus dogmas e abusos do poder clerical. Com a revolta de Lutero contra o Papa Leão X surge a Reforma Protestante e pela determinação do Concílio de Trento (meados do séc. XVI) a Igreja Católica passou a rever toda a sua forma difusora da religião cristã. Para Delumeau (1984. p. 137) a principal fraqueza sofrida pela Igreja não se devia exclusivamente aos abusos financeiros, dos desregramentos e nem nos concubinatos em que viviam alguns padres, mas sim na insuficiente instrução religiosa e na má formação dos “pastores de almas”, assim a Reforma teria nascido neste profundo desnível. Nesse contexto surgem também as Ordens Religiosas, como a Companhia de Jesus, que